Nossa! Pensando bem, tenho muita
coisa pra contar!
Antigamente, bem antigamente...
Quando eu era criança, as coisas eram bem diferentes...
Tudo era mais simples: sem neuras, estresse ou complicações...
Na escola ninguém se traumatizava
por sofrer bulling. A bem da verdade, nem se ouvia falar disso! E se alguém era perseguido ou assediado (como se diz hoje em dia) pelos colegas ou amigos, o
negócio era se virar; porque os pais não tiravam satisfação com as professoras ou com os outros pais,
por qualquer motivo!
Eu era arteira, estava sempre aprontando! Apanhei muito de cinta do meu
pai! Até acho engraçado, quando me lembro
de que eu corria léguas quando ele vinha com a cinta atrás de mim... Geralmente
eu escapava das cintadas, noutras ficava com as pernas cheias de vergões...☺
Hoje ninguém leva umas palmadas. Mas o que se vê por aí, é que as novas gerações estão ficando cada vez mais sem
limites e sem respeito pelos demais...
Tudo era diferente...
O feijão, o arroz, e outras
coisas eram vendidos num armazém e tudo era pesado a granel.
Como lembrou minha irmã, os pães
eram as bengalas que ficavam em cestos, e embrulhados só no meio, em papel cor
de rosa. Às vezes, a gente os trazia debaixo do braço, e eles chegavam todo
amassados! ☺
Comemorávamos os aniversários na
rua, com a turminha: jogando ovos, farinha e até goiaba no aniversariante, e
depois em todo mundo também! Era uma bagunça, aquela festa!
Depois era um custo tirar
toda aquela sujeira do cabelo! E o cheiro do ovo?☺ Eu não sei por que comemorávamos assim,
mas era assim que a gente fazia... Tinham também as festinhas com bolo Pullman e sorvete. Tudo muito simples...
Lembro que naquela época comíamos ovo quente com sal, de
colher, só quebrando a pontinha.
A maionese era feita em casa - eu
ficava fascinada ao ver o óleo e o ovo batidos virarem aquele creme. Hoje
existe a salmonela e ninguém mais come ovo quente ou maionese feita em casa! Será
que antigamente não existia salmonela??
Esperávamos ansiosos, o padeiro,
seu Otávio, com seus deliciosos pães doces recheados com creme... Tinha também o
bolacheiro. Hoje não tem padeiro e nem
bolacheiro passando na rua...
Ah! Tinha também o bucheiro: ele
vendia bucho, miolo, fígado e língua de boi, e até rim! Antigamente comíamos de
tudo! ☺
Eu me lembro de que às vezes
chegava à casa de algum conhecido, e estavam cozinhando rim. Era um cheiro
horrível. Isso eu nunca comi!
Mas miolo, já comi sim! Quando eu
era criança, eu e minha irmã mais nova, a Lurdinha, ajudávamos minha mãe a
limpar os miolos de boi, que depois ela temperava, empanava e fritava. Comíamos
e adorávamos! Eu gostava muito também, da língua ensopada que a minha avó
Adelaide fazia...
Hoje quando penso em todas estas
comidas "exóticas" ☺, meu estômago revira... De nojo! Argh! Não tenho mais coragem de comer essas
coisas! ☺
Gostava também das sardinhas
fritas que a minha vó Elisa fazia, e guardava na estufa. Hoje os fogões não têm
mais estufas!
E os guarda-pães? Aqueles que
tinham uma portinha que subia ao abrir. Hoje são relíquias ou viraram peças
cult. Minha amiga Sofia faz coleção deles! Na época, eu me lembro de que ela
guardava o seu chiclete mascado para mascar no outro dia... Coisas de criança! ☺
Não tínhamos toda a tecnologia e
os brinquedos sofisticados que há hoje em dia. Tínhamos que usar nossa
criatividade nas brincadeiras.
Brincávamos de pega-pega,
esconde-esconde, stop, alerta, queimada, passa-passa cavaleiro, mamãe da rua, "quando eu era mocinha", estátua, e muito mais! De casinha: eu me lembro que fazia sopa com
terra, água e folhas para as minhas bonecas. Fazia bichinhos de batata e
palito.
Ah! E brincava com "tatus bolinha" que encontrava no jardim. Pra quem não conhece - porque acho que eles entraram em extinção ☺- são aqueles bichinhos que quando tocados, viram uma bolinha!
Brincávamos na rua até tarde.
Tínhamos a nossa turminha. Não havia perigo como hoje em dia.
Antigamente... Todo mundo tinha
piolho! E quando pegávamos, nossas mães tratavam-nos com Neocide, aquele pó que vinha numa latinha redonda. Eu me lembro
de que borrifavam aquele pó em nossas cabeças e amarravam um lenço. Ficávamos
esperando por meia hora. E depois eram só piolhos e lêndeas mortos quando os
pentes finos eram passados.
Não sei como é que nós
sobrevivemos a esse tratamento, e não morremos juntos com os piolhos!! ☺ Só por Deus!
E as cadeirinhas pra crianças,
cinto de segurança e tudo mais que existe hoje em dia? Nada disso existia
naquela época. Todo mundo ia solto no banco de trás. A maioria dormindo
tranquilamente...
As famílias grandes se espremiam
dentro dos carros. Não existia limite de passageiros. O engraçado é que maioria
sobreviveu a todas essas coisas...
Eu penso que tudo era mais simples e que
todo mundo era mais inocente: principalmente as crianças e os adolescentes...
Tem até aquele ditado: "do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça...".☺
Poderia se dizer que éramos meio
bobinhos, se comparados às crianças de hoje. Mas creio que também, éramos mais
felizes! Havia mais inocência, ingenuidade e confiabilidade na época...
Sei que muita gente, assim como eu,
tem saudade daquele tempo... Porque já li muita coisa parecida com o que estou
escrevendo agora.
E é por isso que quando me lembro
de todas essas coisas, de tudo que vivi, sempre me vem à cabeça aqueles versos
de Casemiro de Abreu: "Oh! que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais!".
Foram bons tempos aqueles!! Pra mim, e com certeza pra muita gente - que viveu, assim como eu, os tempos de antigamente...♥